Enfermeiros na saúde digital: o futuro é hoje!

Atualmente, estamos testemunhando a revolução digital na área da saúde, e o seu impacto na prática profissional é inegável. A incorporação da tecnologia na assistência à saúde está criando oportunidades significativas e transformando a forma como cuidamos das pessoas. A combinação da tecnologia com a expertise clínica dos enfermeiros está impulsionando avanços notáveis na qualidade do atendimento e no desenvolvimento de soluções inovadoras em saúde.

A atuação dos profissionais de enfermagem não se limita mais ao tradicional cuidado à beira do leito. A evolução da saúde digital, especialmente após a pandemia COVID-19, ressaltou a necessidade de implementar soluções que aprimorem a precisão e a qualidade do atendimento. A saúde digital emergiu como um campo altamente promissor e em crescimento exponencial para a atuação destes profissionais, abrangendo áreas como o atendimento remoto, a gestão de tecnologias e a criação de soluções digitais em saúde.

Um exemplo notável dessa evolução é a telessaúde, uma das áreas mais promissoras da saúde digital. Considerada como componente da estratégia e-Saúde para o Brasil, a telessaúde tem como finalidade a expansão e melhoria da rede de serviços de saúde, especialmente da atenção primária, incluindo teleconsultoria, telediagnóstico, telemonitoramento, telerregulação e teleducação1. Políticas relacionadas ao uso dessa tecnologia foram introduzidas em 2007 no Brasil, pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de promover a evolução digital na área. Isso culminou em iniciativas como o Telessaúde Brasil Redes, lançado em 2010, que buscava fornecer atendimento médico além das barreiras físicas dos hospitais e centros de saúde em todo o país.

Em 2022, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) publicou a Resolução 6962, que trata da atuação do enfermeiro na área de saúde digital e telenfermagem, enfatizando a importância dessa atuação. O escopo de ação inclui funções como a Navegação de Enfermagem (Nurse Navigation) no telemonitoramento de pacientes, orientações remotas em saúde, capacitação de equipes de enfermagem, gerenciamento de projetos em saúde, entre outras. Essa mudança de paradigma não apenas aprimora o acesso dos pacientes aos cuidados, mas também reduz custos, aliviando a pressão sobre os sistemas de saúde.

Nesse contexto, a gestão de dados desempenha um papel crucial na era da saúde digital. É notável que cada vez mais empresas de desenvolvimento de software de saúde estejam contratando enfermeiros para desempenhar funções essenciais na conformação de produtos e análise de dados. A experiência clínica desses profissionais é inestimável para a identificação de melhorias e o aprimoramento das soluções.

Além disso, enfermeiros estão explorando funções inovadoras, como a de Product Owner (PO), conhecida como o “dono do produto.” O PO contribui significativamente ao estabelecer conexões com os clientes e identificar desafios na área de saúde. Ele atua como um elo eficaz entre as demandas clínicas e os desenvolvedores de sistemas de saúde, contribuindo para a melhoria da experiência do paciente e a criação de soluções eficazes. A atuação do Product Owner é ampla, e os enfermeiros podem ingressar no mercado de tecnologia, inclusive em startups. Outra vertente da área são os Centros de Inovação de Hospitais, como o Atrion do Hospital Moinhos de Vento, que rastreiam as dores internas e externas da organização e encontram players que estão dispostos a oferecer soluções.

Por fim, destaca-se a atuação de enfermeiros em projetos de saúde digital como um campo de atividade profissional em franca expansão no país. É importante salientar que a saúde digital não substitui a assistência, mas a complementa. As oportunidades são vastas, e o futuro da enfermagem nesse campo é promissor. O conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes próprio dos enfermeiros será cada vez mais necessário na promoção de uma assistência à saúde eficiente, acessível e centrada na pessoa.